Visitas da Dy

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Serpente



Era uma serpente, cheia de curvas,
Dona de veneno que entorpece, deixa a vista turva.
Deslizando sobre a cama,
Mais parecia lenha a alimentar uma chama.
Ornada com prata e batom,
Realizar desejos era seu dom.
Por entre travesseiros e sonhos pairava
Ignorando por completo que juízos desvaira.
E eu quando arrasto correntes, ela é cada um dos elos,
E se me atrevo poeta, ela está nos versos mais belos.
Ela é uma serpente e me tira o ar
É ímã que prende meu olhar.
Sou o alvo no qual a flecha de seus olhos crava,
Mas não me enxerga, a parva!
Não sabe a força que tem dentro de si
E repousa ali, mansa, delicada colibri.
Parece flor em manhã, orvalhada
Parece inocente, assim, deitada.
Talvez a seja, escultura branca, serva de Vestal
E seja apenas minha essa versão do pecado original.
Mas eu beijaria aqueles lábios vermelhos de maçã madura
E nenhuma pena (de Títio, Tântalo ou Sísifo) me seria dura,
Pois as dores sumiriam na lembrança pouca
Do dia em que experimentei aquela boca.


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