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quarta-feira, 14 de junho de 2017

Bandeira




Hasteou, mais uma vez sua bandeira.
Conhecida de todos, sua cor não negava a luta.
Era de uma fé quase religiosa, quase cega,
Dessas que só conhece quem já bebeu do amor.
E, se não fosse essa a razão, nem ousaria sair do lugar.
Desarmou-se para a batalha.
(Peito aberto é o melhor dos campos para se travar combates.)
Desafiou os ventos que lhe sinalizavam para não seguir.
Embora o cansaço de outros tempos lhe pesasse nos ombros,
Embora as cicatrizes lhe marcassem o corpo,
Embora o medo lhe segurasse a mão, ousou.
Desbravou caminhos que lhe pareciam conhecidos.
Ao redor, tinha a impressão de déjà vu, mas fez seu caminho.
Hasteou sua bandeira heroicamente.
Esqueceu-se que tinha os poderes de Midas,
Mas ao contrário.
Aos poucos contemplou a ruína,
O esfacelamento dos esforços.
De novo era como o náufrago,
De novo era embarcação abandonada.
De novo precisava se recolher,
Infinitamente era apenas pedaços.
A mão ainda segurava a bandeira quando se viu em abandono.
A mão ainda recusava-se a desistir,
Mas a alma ferida mais uma vez, dormiu.
E, por mais que parecesse paz, era mausoléu.
Era o sono de exaustão.
Era bilhete rejeitado num pedaço de papel.
Era sombra à espera de sol,

Noite infinda, porque esqueceram de lhe despertar com o novo dia.

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