Visitas da Dy

sábado, 1 de julho de 2017

Inconteste




Eram seus olhos como farol que gira incansável:
Mas naquele dia era busca, não era guia.
Passou em brilhos e fogos de cometa,
Deslizando pelo céu do meio-dia de minhas mãos.
Era feito de buscas, mas eu não era o alvo do dia.
O silêncio crescia em meu peito e invadia a rua.
Até o respirar se amansara, murmúrios.
De certo, um rubor me cobria,
Mas era de prata o olhar que lhe devolvia.
Não soube eu trocar um passo,
Era uma quase-pedra no caminho?
Não soube eu existir em meio a tanto espaço,
E fiz-me sombra de planeta, eclipse.
Fiz-me a calma que nunca tive.
Em asas, voou. Em caminhar, corria.
Passou o som que me estremeceu
E perdi até o chão.
Passou o vento que me arrepiou
E de claridades me lançou na escuridão.
Fui eu transformada em estátua, inerte,
Pelos olhos de medusa impiedosa,
Pelos raios do cometa atemporal.
Fui lançada num labirinto de senões.
Fui devorada por porquês e interrogações.
Fui envolvida por histórias sem fim,
Enrolada por novelos de pouca cor.
Em busca de um começo e um contexto, por fim percebi
Que nem toda história cabe em margens,
Que nem todo verso se equilibra em pauta,
Que nem todo livro respeita a capa.
Era eu parte do sem nexo dos sonhos
Inconteste descontexto,
Ser vivente sem explicações
Diante dos paradoxos do destino.

Ali parada e o tempo passando...

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