Visitas da Dy

sábado, 11 de novembro de 2017

Cerridwen




Não faço ideia do que acontece fora das paredes de meu quarto.
Disseram que choveu o dia todo.
Estou em torpor e, a bem da verdade, pouco importa...
Quem está cinza hoje sou eu.
Quem se desfez em água fui eu.
Debaixo daquele chuveiro,
Misturei-me ao elemento que me rege.
Desrespeitei as regras que caberiam,
Vingando-me de todo o desrespeito que já cometeram comigo.
Lavei bem mais que os cabelos
Lavei escadarias de pensamentos
Contei as gotas finais que caiam,
Somei-as às constelações de afetos que coleciono
E como quem não consegue organizar o que sente,
Recolhi-me como que dentro da caixa de Pandora.
Fico bem com minhas confusões
Fico bem cantando minhas canções
E dançando sob a lua escondida entre as nuvens
Equilibrando girassóis falsos nos cabelos:
Se não mato sentimentos,
Porque haveria de matar a flor?
O que não quer dizer, porém,
Que eu não saiba matar as palavras,
Calar cada uma delas:
Em beijos ou silêncios.
A boca é porta desgovernada:
E qualquer coisa é motivo para ela se abrir ou se fechar
E a chave que alego perdida, está, no fim,
Debaixo de meu travesseiro,
Junto com sonhos, corações e afagos
Que só uso quando muito necessários.


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