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quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

De Borboletas e Mar



Eu sei o que é segurar, na ponta os dedos, luzes. Sei o que é espalha-las com um sopro nos lábios como se fossem orações em línguas que não domino, porque sou versada apenas em silêncios e sussurros.
Sei o que é sentir-me sob olhos-holofotes, ser o centro das atenções de um mundo inteiro e único e desejar não sair dali, por mais que tremesse, por mais que perdesse o rumo, porque a consciência insistia em dizer que tudo é breve.
Sei o que são os quereres, as coragens dos abandonos e desistências, as delícias de sair sem mapa, sem destino e fazer histórias lindas com grãos de areia que voarão e levarão um pouco de mim onde não posso chegar.
  Eu sei onde errei e cada tentativa que chamaram de acerto, embora eu mesma não esteja certa se, de fato, há essa certeza, esse ponto exato de se ser e estar.
Eu sei que às vezes é preciso o grito, mas tenho preferido os silêncios companheiros das canções gravadas ao longe e que me invadem, porque elas me acolhem como abraço amoroso quantas vezes eu quiser, sem que haja a necessidade da explicação.
Eu sei que o descanso é necessário, o pouso, a entrega, a doação, mas, por ora, estou bem sendo passageira, nuvem, vento, desequilíbrios, partidas e vôos cegos.
No fundo, experimentei certezas que nasceram em meus sonhos, bateram à minha porta e explodiram-se incertezas como as luzes que um dia segurei nas mãos, mas espalhei por aí com um sopro, entre sorrisos, fazendo valer a máxima de que a liberdade aproxima e, de fato, foi assim que aproximei-me de mim e cresci e reconheci o rosto no espelho... aqueles olhos... aquele brilho no fundo dos olhos.
Só quando soube que as asas das borboletas não devem ser tomadas entre os dedos e que elas, as lepidópteras, pousam em minha mão quando se sentem seguramente livres é que percebi que não nasci para as raízes, mas para as navegações azuis em céus dourados de por de sol.

Não desejo um cais para atracar, mas depois do caos de todo o mar, gosto de descer à praia e saltar ondas, voar nas espumas, dormir na areia e (re)partir meu fôlego de vida e aprendizados. Gosto do vai-e-vem, do inesperado. 

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