Visitas da Dy

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Curvas




Não foi à toa que dobramos aquela esquina.
Entre as nossas curvas, tagenciamos desejos.
E, na distância de um ponto e outro,
Encurtei os vãos.
Presentes. Surpresa boba no canto da boca.
Sons tantos e palavras várias,
Onde estavam os sentidos?
Engolidos.
Saltaram da borda do copo.
Bebidos.
Quase embriagados.
E cruzaram-se os dedos.
(A fé infantil, crença na torcida sincera)
E cruzaram-se os destinos.
(Teriam culpas as pernas?
Foram elas que as chaves giraram?
Foram elas que os caminhos encurtaram?
Foram elas que se embolara!)
E, ao sol da meia-noite, queimamos.
E, apenumbrados, só os olhos brilharam.
Mais do que palavras, toques.
Cruzaram-se os destinos
E nenhuma margem nos coube.
Nenhum sono decretou-se.
Acordamos o dia à meia-noite
Porque a madrugada não nos cabia
E aceitou o seu fim resiliente:
Nenhum deserto é imune às caravanas.
Nenhum oásis míngua sem visitante.
Nenhum sol desperta sem razão,
Há de se saber apenas domar o tempo perdido,
Rejeitar os nãos.

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